Entidades criticam Vai-Vai por ‘demonizar’ policiais em desfile no carnaval de São Paulo


Clube dos Oficiais da Polícia e Bombeiros Militares da Paraíba critica Escola de Samba Vai-Vai por representação de policiais em desfile.

O Clube dos Oficiais da Polícia e Bombeiros Militares da Paraíba emitiu um comunicado de repúdio à Escola de Samba Vai-Vai por uma ala de seu desfile que retratou policiais militares fantasiados de demônios. O incidente ocorreu durante o desfile no Sambódromo do Anhembi, no sábado (10).

Em uma nota divulgada nas redes sociais, a associação classificou a representação como uma provocação. “No caso em questão, o Clube dos Oficiais da PM e BM da Paraíba lamenta e repudia a maneira como a agremiação carnavalesca zomba e desrespeita não apenas cada homem e mulher que veste a farda de policial e bombeiro militar, mas também a instituição à qual pertencem, como já mencionamos, integrante das forças de segurança de cada estado brasileiro”.

Outra entidade que se manifestou foi a Caixa Beneficente dos Oficiais e Praças da Polícia Militar e Bombeiro Militar da Paraíba, que classificou a atitude como desrespeitosa. “A atitude da escola de samba atingiu policiais de todo o país, pois tratou a classe como demônios e isso merece nosso repúdio, já que a liberdade de expressão e a licença poética não podem ferir o direito à imagem e honra dos profissionais da segurança pública”.

Resposta da Vai-Vai

Por outro lado, a Escola de Samba afirmou que a ala não teve a intenção de promover qualquer tipo de ataque individualizado ou provocação. Em seu posicionamento, a Vai-Vai declarou:

“No ano de 2024, a escola de samba Vai-Vai trouxe para a avenida o enredo ‘Capítulo 4, Versículo 3 – Da rua e do povo, o Hip Hop – Um manifesto paulistano’.

Como o próprio nome sugere, tratou-se de um manifesto, uma crítica ao que se entende por cultura na cidade de São Paulo, que exclui manifestações culturais como o hip hop e seus quatro elementos – breaking, graffiti, MCs e DJs. Além disso, o desfile buscou homenagear e dar voz aos muitos artistas excluídos que nunca tiveram seu talento e sua trajetória devidamente reconhecidos.

Nesse contexto, foram apresentados ao longo do desfile uma série de momentos históricos, como a Semana de Arte de 1922 e o lançamento do álbum ‘Sobrevivendo no Inferno’, dos Racionais MCs, em 1997. ‘Sobrevivendo no Inferno’ é o segundo álbum de estúdio do grupo, lançado pelo selo da gravadora Cosa Nostra em 20 de dezembro de 1997. É considerado o álbum mais importante do rap brasileiro. Em 2007, figurou na 14ª posição da lista dos 100 melhores discos da música brasileira pela Rolling Stone Brasil. Em 2018, o álbum foi incluído pela Comvest (Comissão Permanente para os Vestibulares da Universidade Estadual de Campinas) na lista de obras de leitura obrigatória para o vestibular da Unicamp a partir de 2020. Meses depois, a obra virou livro, publicado pela Companhia das Letras, tamanha sua relevância.

Assim, a ala retratada no desfile de sábado, da escola de samba Vai-Vai, à luz da liberdade e ludicidade que o carnaval permite, fez uma justa homenagem ao álbum e ao próprio Racionais Mcs, sem a intenção de promover qualquer tipo de ataque individualizado ou provocação, mas sim como uma das 20 alas que homenageiam um movimento. Vale ressaltar que, neste recorte histórico da década de 90, a segurança pública no estado de São Paulo era uma questão importante e latente, com índices altíssimos de mortalidade da população preta e periférica. Além disso, é de conhecimento público que os precursores do movimento hip hop no Brasil eram marginalizados e tratados como vagabundos, sofrendo repressão e, sendo presos, muitas vezes, apenas por dançarem e adotarem um estilo de vestimenta considerado inadequado para a época. O que a escola fez, na avenida, foi inserir o álbum e os acontecimentos históricos no contexto em que ocorreram, no enredo do desfile”.

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