Amazonas enfrenta severa estiagem, com o Rio Negro registrando seu nível mais baixo em 121 anos

O Rio Negro, um dos maiores rios do mundo em volume de água, atingiu o nível mais baixo já registrado em sua história, de acordo com dados do Porto de Manaus. Na segunda-feira (16), o rio estava com uma vazante de apenas 13,59 metros, a menor medida desde o início das medições em 1902.

A última vez que o rio atingiu um nível tão baixo foi em 2010, quando registrou 13,63 metros. Nos últimos 50 anos, o Rio Negro esteve abaixo dos 15 metros apenas quatro vezes: em 1997 (14,34 m), 2005 (14,75 m), 2010 e agora em 2023.

A situação é preocupante, com o nível do rio diminuindo 10 centímetros entre domingo e segunda-feira. Embora essa redução seja menor do que a observada no início de outubro, quando o rio caiu 20 centímetros em dois dias, é um sinal alarmante. Especialistas preveem que o rio levará mais alguns dias para começar a subir novamente.

Um relatório do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM) divulgado recentemente indica que a previsão para o período de menor nível do Rio Negro, em Manaus, era justamente na segunda quinzena de outubro. Em municípios do interior do Amazonas, como Barcelos e São Gabriel da Cachoeira, onde o rio já tem naturalmente um nível mais baixo, as mínimas significativas são esperadas apenas em fevereiro de 2024.

Essa seca sem precedentes no estado do Amazonas afeta gravemente a população. A maioria dos municípios já foi afetada, mais de 112 mil pescadores enfrentam prejuízos e cerca de 500 mil pessoas devem ficar sem acesso à água e alimentos. Além disso, aproximadamente 690 mil km² de vegetação estão comprometidos devido à seca.

A hidrelétrica Santo Antônio também suspendeu suas operações devido a uma vazão de água 50% abaixo da média histórica no rio Madeira. A economia também é afetada, com a possibilidade de mais de 60% das mercadorias transportadas ao longo do rio Amazonas deixarem de ser transportadas durante o período de seca.

Essa seca está exacerbando os incêndios florestais na região. No final de setembro, uma densa nuvem de fumaça cobriu várias áreas de Manaus, tornando a qualidade do ar na capital amazonense péssima. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o número de focos de incêndio no Amazonas em 2023 superou a média histórica para o mês de setembro.

Medidas de emergência estão sendo adotadas pelos governos municipal e estadual para evitar o desabastecimento de água e mantimentos em comunidades isoladas. O governo federal também foi solicitado para ajudar na aquisição de cestas básicas e na perfuração de poços artesianos nas áreas rurais do Amazonas. A Força Aérea Brasileira está prestando auxílio no transporte de suprimentos para comunidades ribeirinhas, afetadas pelas dificuldades no transporte fluvial.

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